Quando nos desviamos financeiramente, as dificuldades orçamentárias se acumulam e não podemos mais lidar com isso, gostaríamos de apagar tudo, começar tudo de novo. Isso é permitido pelo procedimento de recuperação pessoal, uma questão reservada aos devedores cuja situação é irremediavelmente comprometida. Vamos ver como essa "segunda chance" funciona.

Procedimento de recuperação pessoal: o que é?

O procedimento de recuperação pessoal pode corresponder, se alguém fizer uma comparação com o vocabulário aplicado às empresas, a uma "falência" pessoal.

Esse procedimento visa situações em que as dívidas atingiram um nível tal que mesmo um plano de liquidação com prazos não seria suficiente para esclarecer a situação. Nesse caso, falamos de "situação irreparavelmente comprometida".

A solução fornecida pelo procedimento de recuperação pessoal é apagar a folha do devedor: as dívidas são pura e simplesmente apagadas.

Redefinir contadores: quem são os beneficiários?

O procedimento de recuperação pessoal é um pouco como a última chance. Não sem impacto para os credores, é reservado para situações muito específicas. Esse procedimento faz parte do arsenal de soluções propostas em caso de sobreendividamento.

Quando uma pessoa arquiva um arquivo de sobreendividamento no Banque de France, a fim de encontrar uma solução para sérias dificuldades financeiras, sua situação é examinada pela Comissão da Dívida.

Após este exame, a Comissão pode:

  • Rejeitar o processo (quando o devedor não cumprir os requisitos de forma ou substância para se beneficiar do procedimento de sobreendividamento)
  • Propor ao devedor um plano de recuperação financeira (plano de liquidação de suas dívidas)
  • Abrir ao devedor a possibilidade de se beneficiar de um procedimento de recuperação pessoal que leve ao cancelamento de suas dívidas.

O estabelecimento de um procedimento de recuperação pessoal só pode, portanto, ser decidido pela Comissão de déendendement.

Quais são as dívidas envolvidas?

O procedimento de recuperação pessoal envolve zerar os contadores do beneficiário desta medida, mas tenha cuidado, pois nem todas as dívidas são afetadas!

De fato, o juiz declarará o cancelamento das dívidas, com exceção das dívidas:

  • profissional
  • comida (pensão alimentícia, etc.)
  • compensação por danos (danos e juros, etc.).

Saber ! As multas penais não serão afetadas pelo procedimento de recuperação pessoal e deverão ser pagas. Da mesma forma, as dívidas decorrentes do julgamento de recuperação pessoal permanecerão devidas.

Apagando dívidas e depois?

O procedimento de recuperação pessoal não tem consequências no dia a dia da pessoa super endividada.

Isso implica um registro do beneficiário por 5 anos no FICP (Arquivo de Incidentes de Reembolso de Crédito Individual), o que pode tornar algumas de suas operações financeiras um pouco mais complicadas, principalmente em caso de necessidade de crédito.

Para tranquilizar os bancos e dar uma chance a esse novo começo de maneira saudável, será necessário aprender uma lição sobre comportamento financeiro arriscado e não reproduzi-lo.

As etapas do procedimento de recuperação pessoal

O uso do procedimento de recuperação pessoal ocorre exclusivamente perante o juiz de execução.

Convocação das partes pelo juiz de execução

Após a análise do processo pelo juiz de execução, o devedor e os credores serão convocados por carta registrada. O objetivo deste aviso é verificar se o cancelamento da dívida é a única solução que pode ser feita para a situação. Cabe ao devedor mostrar que a única saída para ele restaurar sua posição financeira é se beneficiar do apagamento de suas dívidas.

Na fase desta convocação, os procedimentos em andamento serão suspensos.

Gestão de ativos do beneficiário do procedimento

Os agentes serão designados pelo juiz para gerenciar os ativos do devedor (inventário de vários bens móveis e imóveis).

Publicação da situação do devedor

Um agente será instruído pelo juiz a tornar pública a decisão de abrir o procedimento de recuperação pessoal, para que os credores sejam formalmente informados. Esta publicação é produzida no Boletim Oficial de Anúncios Civis e Comerciais. Em seguida, os credores terão um prazo de dois meses para declarar as dívidas não honradas pelo devedor, a fim de poder reivindicar seu reembolso.

Realização de um balanço da situação do devedor

O agente deve elaborar o balanço patrimonial dos ativos e passivos do devedor em relação ao estoque de propriedades do inventor e às reivindicações declaradas.

Convocação perante o juiz e decisão sobre o destino dos bens do devedor

Essa audiência permitirá que as partes apresentem seus possíveis desafios.

Após a audiência dos credores e do devedor, o juiz decidirá uma liquidação (com a venda dos bens após a estimativa de seu valor por um especialista) ou o estabelecimento de um plano convencional de recuperação.

Nomeadamente : certas propriedades pertencentes ao devedor não são apreciáveis. Será o caso, em particular, dos bens necessários ao dia a dia do devedor (cama, mesa e cadeiras, geladeira, etc.) ou ao exercício de sua atividade profissional.

Reembolso de credores (caso de liquidação)

Se o juiz tiver optado por uma liquidação judicial dos bens do devedor, o produto da venda dos bens do devedor será dividido entre os credores.

Se os valores arrecadados não permitirem desinteressar todos os credores, o procedimento será encerrado por insuficiência de ativos e as dívidas serão canceladas.

A saber : se nenhuma propriedade puder ser confiscada, o procedimento continuará sem liquidação.

Implementação de um plano de recuperação

O juiz pode decidir sobre a implementação de um plano de recuperação convencional. O objetivo deste plano é reagendar os pagamentos para permitir que o devedor pague suas dívidas sem problemas.

O devedor deve cumprir rigorosamente o plano de pagamento definido. Esse respeito também testemunhará a boa fé do último, que será um trunfo em caso de dificuldades subsequentes (exigindo, por exemplo, a renegociação do plano convencional).

Para ler também:

  • Baixa da dívida: como redefinir os contadores?
  • Comissão de sobreendividamento: quando e como aproveitá-lo?
  • Arquivo de sobreendividamento: quais são as consequências?
  • Como sair do superendividamento?
  • Quanto tempo leva para o Banco da França?

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